Escrevendo aos cristãos dispersos por várias nações de sua época, Tiago deixou bem claro que a fé cristã não coaduna com a prática da parcialidade. O irmão de Jesus, e filho de José e Maria, chamou a atenção desses crentes para que atentassem para o modo como Jesus, que, mesmo sendo “Senhor da glória” (Tg 2.1), tratava as pessoas de seu tempo.
Tiago fez um alerta interessante, quando supôs uma reunião entre os destinatários de sua carta:
Se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes preciosas, e entrar também algum pobre com sórdida vestimenta, e atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui, num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juízes de maus pensamentos? (Tg 2.2-4).
Como podemos observar, essas palavras de Tiago, indiretamente, também nos advertem.
“Ouvi, meus amados irmãos”, segue o escritor da epístola que leva o seu nome (Tg 2.5). Neste trecho de versículo, ele revela que o Senhor escolheu os “pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam” (Tg 2.5). Assim, vemos que a escolha de Deus é diferente da do homem. Vejamos o que o profeta Samuel ouviu da parte de Deus quando ia ungindo a pessoa errada para o reino de Israel:
Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante de seus olhos, porém o SENHOR olha para o coração (1 Sm 16.7).
Deus olha para as pessoas de maneira especial. Sua visão está fundamentada na sua incomparável justiça. Se o Deus de Israel escolhesse Eliabe, irmão mais velho de Davi, ele seria injusto, pois Ele mesmo revelou a Samuel que não concordava com a escolha do profeta, pelo simples fato de enxergar o que geralmente a maioria das pessoas não veem: “o SENHOR olha para o coração”. Deus conhecia perfeitamente o caráter de Davi.
Semelhantemente ao Senhor, devemos olhar para as pessoas além daquilo que elas aparentam ser. Como alguém já disse: “As aparências podem nos enganar”. Sejam pobres ou ricas, devemos tratar as pessoas de modo honroso, digno daqueles que professam verdadeiramente o nome do Senhor Jesus Cristo, “que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis” (2 Co 8.9).
Quem faz acepção de pessoas ainda não conheceu Jesus, e permanece no pecado: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça” (Jo 7.24).