Em um texto cujo objetivo seria, em tese, fazer um paralelo entre os fatores de influência na disputa presidencial na Argentina e o contexto político brasileiro, o sociólogo Muniz Sodré acabou transformando o seu artigo em um panfleto de ataque gratuito ao pentecostalismo nacional, o que significa aos pentecostais.
Ligando o pentecostalismo ao conservadorismo, Sodré inicia o texto enxergando “maus presságios” sobre o futuro político argentino. Lembrando uma declaração do secretário de comunicação do PT, o articulista insinua que grande parte da população argentina seria incapaz de aceitar “bens civilizatórios”.
Para tentar justificar o seu pensamento, Sodré volta ao passado, época da ditadura varguista no Brasil, bem como ao período nazista, citando o “estado mental do povo alemão” para traçar um paralelo com o contexto político atual no Brasil e Argentina.
Caso o leitor não tenha entendido: o sociólogo associa o pentecostalismo, precisamente o seu poder de influência sobre “as massas”, à ideologia nazista responsável pelo holocausto judeu, quando ao menos 6 milhões de vidas foram perdidas nas mãos do regime assassino comandado por Adolf Hitler.
“Jecas e brucutus”
Seguindo com seu texto, Muniz Sodré diz que “de fato, há uma linguagem de fé, que escapa às avaliações apenas racionalistas da esquerda. Nos corações devotos de todas as épocas bombeia o sangue místico de ‘alguma ordem de cavaleiros’ (Klemperer) que, mesmo pagã, se articula com representações cristãs. Entre nós, o pentecostalismo é a incubadora de submissos ao retrocesso.”
O autor, portanto, dá a entender que a população pentecostal brasileira, composta por milhões de pessoas das mais diferentes condições socioculturais, representaria a “massa falida” de um povo intelectualmente inferior e, portanto, “sem vontade própria”.
Por fim, como se tentasse mascarar o tom de intolerância religiosa e grosseria intelectual através de um linguajar mais rebuscado, o autor ainda faz referência aos adeptos do pentecostalismo como pessoas “viragos raivosas, jecas e brucutus”, concluindo com um alerta aos argentinos sobre o “palhaço” Javier Milei, candidato da direita à Presidência do país.
Em resposta à publicação feita pela Folha de S. Paulo, um seguidor questionou a motivação do texto sobre a influência dos pentecostais na política nacional: “Posso classificar esta matéria como intolerância religiosa, preconceito religioso ou só vale qdo [sic] o assunto é outra religião afro descendente?”.
fonte: GospelMais