Precisamos aprender que alguns conflitos são inevitáveis. Evidente que não precisamos entrar em todos os conflitos ou combater em todas as frentes, mas existem coisas que são realmente importantes e que necessitam ser confrontadas.
No entanto, sempre que somos obrigados a confrontar uma má conduta, aparece algum tipo de citação bíblica em que, segundo a qual, não poderíamos criticar ou julgar. Muitas destas citações estão simplesmente fora do contexto, mas são usadas pelos interlocutores como argumentação absoluta. Mas o que a Bíblia diz sobre isso?
Deus não espera que você lide com cada pequenina coisa, porém existe um moral específico que os cristãos precisam defender. Sempre que nos posicionamos para defender este moral ou questionar desvios de comportamento somos interpelados com citações como a passagem em Mateus 7.1 que Jesus afirma: “Não julgueis, para que não sejais julgados”.
A Bíblia proíbe o cristão de criticar ou julgar assuntos polêmicos?
Quer saber o que a Bíblia diz sobre este assunto?
Continue lendo para descobrir:
- Por que Jesus disse “não julgueis”;
- Como criticar ou julgar com responsabilidade;
1. POR QUE JESUS DISSE “NÃO JULGUEIS”
Em nosso artigo sobre COMO ESTUDAR A BÍBLIA E ENTENDÊ-LA MAIS FACILMENTE destacamos a importância da aplicação do texto bíblico dentro do contexto. Ou seja, o uso do METODO ANALÍTICO para a interpretação do texto em questão em relação ao assunto que está sendo abordado.
Desta forma não correríamos o risco de usar um texto fora do contexto, o que geraria um mero pretexto, como é o caso do uso de Mateus 7.1 para afirmar que por ser cristão não podemos julgar nenhum assunto ou criticar alguma conduta má.
Vejamos o que o texto diz: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mateus 7.1).
O texto bíblico em análise faz parte do mais importante bloco de ensinamentos de Jesus Cristo, o Sermão do Monte. Ele foi pronunciado em um monte nas proximidades de Cafarnaum e reúne os pensamentos do Mestre em relação a diversos fatores da vida.
Portanto, o Sermão do Monte apresenta características necessárias para quem deseja ter um padrão de comportamento semelhante ao de Cristo.
No capítulo 7 do evangelho de Mateus o Mestre Jesus ensina sobre julgar o próximo. Porém, Jesus não está falando sobre criticar ou denunciar uma conduta. Ou tão pouco sobre encobrir desvios de comportamento. A ordem de Jesus, “Não julgueis”, tem o objetivo de repreender a hipocrisia.
O julgamento que Jesus proíbe é o julgamento depreciativo, aquele em que o objetivo é simplesmente diminuir as outras pessoas para exaltar-se sobre elas. Falsos profetas agem assim, apontam os defeitos das pessoas sem observar seus próprios defeitos (Mateus 7.2-3). Precisamos discernir as motivações pelas quais estamos confrontando, criticando ou julgando algum assunto.
Portanto, Jesus não estava proibindo todo o tipo de julgamento, mas afirmando que precisamos ter prudência ao julgar, “porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mateus 7.2). Ou seja, não devemos julgar com hipocrisia, apontar o defeito do outro quando temos o mesmo defeito. É esse tipo de julgamento que Jesus condena.
2. COMO CRITICAR OU JULGAR COM RESPONSABILIDADE
“Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas?” (1 Coríntios 6.2)
Ao concluirmos que Jesus Cristo não se referia a todo tipo de julgamento quando afirmou que não devemos julgar, também precisamos entender a importância de confrontar as más condutas.
No mesmo capítulo que encontramos a advertência sobre “não julgar”, Jesus também estabelece um padrão pelo qual podemos ter autoridade para confrontar atitudes erradas, desvios de comportamento ou más condutas. O Mestre afirma que devemos “primeiro” corrigir nossas próprias falhas, tirar a “trave do teu olho” e assim “verás claramente” para confrontar, “tirar o argueiro” dos outros (Mateus 7.5).
Cristo também afirma nos versículos seguintes: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis pérolas aos porcos, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem” (Mateus 7.6). Ou seja, Jesus Cristo está dizendo que devemos determinar quem é porco ou quem é cão. Portanto, precisaremos examinar e avaliar a integridade das pessoas, pois nem todos que se apresentam como modelo de conduta podem ser considerados autênticos.
Fonte: Site Marcos Feliciano