A insatisfação do jornal O Estado de São Paulo com a atual administração do presidente Lula (PT) tem se intensificado. Em um editorial publicado neste sábado (27), o periódico rotulou o presidente como “Lula perdido da Silva” e expressou a avaliação de que o líder petista parece estar “desorientado”, diante do acúmulo de várias crises em seus primeiros cinco meses de governo.
De acordo com a análise do veículo, as turbulências que surgem durante o novo mandato do presidente têm causado a impressão de que ele está “prematuramente envelhecido”, sofrendo da fadiga que costuma afetar os governos em seus estágios finais. O jornal aponta a falta de um “plano estratégico para o país” como uma lacuna evidente na gestão do presidente.
– Desencontros são naturais no início de qualquer governo. No entanto, não há explicação razoável para tantas crises políticas, em tão pouco tempo, a não ser a desorientação do presidente da República. Mais especificamente, a falta de um programa de governo consistente e de uma política de comunicação que sejam capazes de unir a sociedade em torno de objetivos comuns – pontua o editorial.
Para o Estadão, Lula está se movendo por “seus caprichos e por sua pulsão pela desforra”, demolindo tudo o que fora construído no país enquanto o Partido dos Trabalhadores (PT) esteve fora do poder.
– Lula pode vir a público e afirmar, como o fez há poucos dias, que “não voltaria à Presidência para ser menor” do que foi em seus mandatos anteriores. Porém, até o momento, isso é exatamente o que se descortina – assinala.
O jornal também não deixou passar o esvaziamento dos Ministérios do Meio Ambiente e de Povos Indígenas, comandados por Marina Silva e Sônia Guajajara.
– Lula também pode fazer afagos públicos nas ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, mas nada compensará o fato de que, em nome de uma certa governabilidade, permitiu que o Centrão desfigurasse esses Ministérios que, bem ou mal, serviam para ser a cara do governo petista. Como bem disse o próprio Lula depois da humilhação de suas ministras, “tudo parece normal” – acrescenta.
O editorial ainda chamou atenção para as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) que estão “brotando por todos os lados” durante uma “legislatura que mal começou”.
– O que é isso senão o retrato de um governo fraco? – questiona o veículo.